sábado, 5 de agosto de 2017

Reflexões sobre os Sofistas

Trago aqui algumas reflexões a partir das aulas de Filosofia da Educação, sobre a educação sofistica, com base no texto a Paidéia.

Protágoras considera que uma educação como technè consiste em uma prática fragmentada e focada na especialização, deixando de lado a base religiosa e filosófica, pois objetiva formar especialistas, técnicos, trabalhadores, diferindo do modelo de educação proposta por Platão, que objetivava a formação integral do cidadã despertando suas singularidades, pois para Protágoras a technè política é a verdadeira educação e o vínculo espiritual conserva a coesão da humanidade. 
Platão acredita que existe uma relação entre religião e ciência e nega a secularização do pensamento afirmada pelos sofistas. Ele critica os fundamentos da educação Sofista que afirmavam que “o homem é a medida de todas as coisas” e adapta a frase para sua perspectiva afirmando que “a medida de todas as coisas é Deus”. A partir desta afirmação fica claro a influencia religiosa em seus pensamentos, pois ele retoma o mito, que na sua perspectiva não pode ser ignorado e tem como expressão fé e crença racionalizadas e supera o modelo Sofista, remontando a origem da educação helênica.
Para os sofistas a natureza é o fundamento de toda a educação possível. De acordo com o texto os sofistas investigam a natureza e a influência educativa exercida conscientemente sobre o homem, a fim de renegar sua influencia, para que o homem se torne um ser racional, sem se deixar levar por seus instintos e sentimentos, controlando seu corpo e sua natureza.
A expressão educação social do homem parte do estado social que lhe é dado, nesse sentido a noção de meritocracia se justifica por cada um receber a educação que merece, os filhos das famílias burguesas recebem uma educação mais ampla do que os filhos das classes menos favorecidas. Assim o intelecto só era despertado nas classes mais abastadas e a técnica era deixada para os trabalhadores, pois quem força o corpo não consegue “forçar” a mente.
A educação aristocrática baseava-se na natureza como a base da educação. A obra educadora se baseia no ensino, doutrinação e exercício do que foi ensinado, fazendo assim do que foi ensinado uma segunda natureza. O exemplo move à criança a imitação pois quando vê, ela entende a norma que deve seguir, imitando o modelo de homem ideal que lhe é apresentado.
A educação urbana baseava-se na lei, pois enxerga nela uma força educadora do Estado, que inicia quando o jovem sai da escola e ingressa na vida em sociedade e é forçado a viver com determinadas regras e exemplos, pois se não o faz é punido.
Protágoras considera que a educação tem caráter formativo em relação ao homem e seu papel a ser desenvolvido na sociedade, pois para ele o ato educativo consiste na formação da alma e os meios para que ela ocorra são as forças formativas. A divisão do currículo em trivium e quadrivium consistia na divisão da sociedade, pois cada grupo de disciplinas tinha um objetivo, apresentando as áreas de ensino para os trabalhadores e as áreas de ensino para os intelectuais. O corpo e a mente não estavam em sincronia. 
Os saberes especulativos, para Platão e Aristóteles tinham grande importância no campo educacional, porém na visão dos sofistas não tinham serventia para o povo trabalhador, sendo seu ensino destinado apenas às classes superiores, pela sua inutilidade no campo de trabalho braçal, por consistir na perda de tempo e energias e também pelo seu alto custo. Assim essa educação pertencia aos que dispunham alta posição e formação para atuarem no setor político da sociedade. Nesse ponto percebe-se que educação se adéqua ao controle e repressão da população, deixando o poder de decisão nas mãos de poucos.
O platonismo é um treino para a submissão, pois institui a moralidade através do intelecto e esse tipo de educação se adéqua ao controle e repressão no ocidente tardio burguês, quando este compartilha desta teoria, deixando resquícios até os dias atuais. A educação continua sendo para poucos, e as massas são condicionadas ao trabalho e a ordem, servindo aos que detém o poder.

Referências:

JAEGER, W. Paidéia. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 348-373.

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